quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Escute a presidente, secretário!

A ideia que subjaz ao conceito de choque de ordem que está sendo proposta para corrigir as mazelas da Educação no Rio de Janeiro, ao que me parece, traz em si uma visão que contraria as melhores possibilidades de ser oferecida a educação pública, democrática, de qualidade socialmente referenciada, laica e universal que é devida à população de nosso Estado.
Só o fato de serem agrupadas, sob este rótulo, as medidas a serem levadas a efeito para o setor educacional, já sugere que são concebidas com um caráter impactante, imediato, rápido, conflituoso, metódico, disciplinar, preceitual,…, que tragam “pronto restabelecimento” para o doente em estado tão grave, no caso, a educação escolar oferecida pela rede oficial estadual.
Depois do que vimos pela TV quando da tomada do Alemão, numa alegoria tresloucada, posso imaginar que talvez fosse assim o novo Choque: coloque-se o “salvador” Bope Educativo (inspetores, julgadores, avaliadores, controladores…) para invadir as escolas, à mostra, posturas de quem tem certezas já sabidas e culpados já encontrados a priori; e de lá sairão correndo, fugidos, os responsáveis pelo fracasso da ação educativa, os maus profissionais da educação. Porta afora, sairão ofegantes, atravessando a estrada mais próxima, a caminho de casa, entristecidos uns, revoltados outros, incrédulos outros tantos…
Nem o caminho do sindicato será buscado, pois, diferentemente de outros tempos, parece que não tem havido uma relação mais estreita entre os profissionais e suas entidades. E os responsáveis pelo choque da ordem poderão fincar, bem no hall de entrada, a bandeira de sua produção documental (novas portarias, propostas curriculares, exigências, editais,…), anunciarão a boa nova, que é chegado um novo tempo, de paz, de produtividade, de estímulo às melhores competências exigidas dos alunos pelo mercado, tempos de separar o joio do trigo, tempo de prêmios, de uma nova ordem, enfim.
Do meu ponto de vista, a Educação não necessita nem de choque nem de ordem, que dirá de choque de ordem! A Educação não pode ser vista como um bom negócio que se faz rapidamente, diante da sagacidade de quem tem habilidade para fazer crescer lucros e oportunidades. A Educação não precisa (muito pelo contrário!) de que seja estimulada a competição entre os profissionais da educação, como tem sido comum nos últimos tempos. Clique aqui e continue a leitura.