segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Produzir e consumir em harmonia com a natureza

Viver em harmonia com a natureza é ter compromisso e responsabilidade tanto com as gerações atuais e com todos os seres vivos, sobretudo aqueles mais desprotegidos e excluídos, como também com as futuras gerações.
     Sobre esse tema, que será amplamente debatido durante a Campanha da Fraternidade 2011, conversamos com Euclides André Mance.


Euclides André Mance,
do Instituto de Filosofia da Libertação e do Portal Solidarius, Curitiba, PR.
Endereço eletrônico: euclidesmance@yahoo.com
Site: www.solidarius.com.br

Mundo Jovem: O que está acontecendo com o nosso planeta atualmente?
Euclides André Mance: Em dois bilhões de anos a natureza foi diversificando a vida complexa, gerando uma grande biodiversidade em todo o planeta. A emergência da espécie humana faz parte desse percurso. O nosso coração que bate é parte da natureza. O sangue que circula pelo nosso corpo é parte da natureza. Mas o capitalismo converteu a natureza em capital natural. Converteu a vida em algo que deve gerar lucro, para que alguns possam acumular mais riquezas, não se importando se o equilíbrio dos ecossistemas está sendo degradado.
     Essa lógica de negação da dimensão natural da existência humana, essa cultura de subordinar a vida à acumulação de capital levou a um processo de degradação dos ecossistemas em todo o planeta. Milhares de espécies estão sendo extintas. A vida humana está sendo ameaçada. Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo e as tecnologias insustentáveis continuam a se desenvolver de forma cada vez mais danosa aos ecossistemas.

Mundo Jovem: Podemos afirmar que vivemos uma crise ecológica?
Euclides André Mance: Exatamente. E precisamos compreender, em primeiro lugar, que a nossa vida depende do ar que a gente respira, depende da água que a gente bebe, depende da comida que nos alimenta e que se transforma em nosso sangue, em nosso corpo. Sem essa percepção de que somos parte da natureza, não haverá solução para a crise ecológica.
     Em segundo lugar, é necessário superar a lógica econômica que reduz a natureza a um recurso a ser explorado como capital natural. A vida que, durante dois bilhões de anos veio se diversificando, se sustentando e se reproduzindo em tantas formas diferenciadas, corre o risco agora, em algumas décadas, de marchar para a extinção de milhares de espécies devido aos impactos do desenvolvimento tecnológico insustentável nos ecossistemas, com o efeito estufa, com as chuvas ácidas, com toda a degradação do solo, com o progressivo esgotamento de ciclos naturais autopoiéticos (que se sustentam).

Mundo Jovem: Que alternativas temos?
Euclides André Mance: É fundamental praticar um outro tipo de consumo e de produção, que sejam sustentáveis. É a relação solidária entre as pessoas para o bem-viver de todos que deve dar sentido e limite à consumação das coisas e à proteção dos ecossistemas. Os produtos e serviços devem ser compreendidos como meios materiais para a realização do bem-viver. Não se trata de consumir para ostentar poder. Mas de consumir para realizar o bem-viver das pessoas e coletividades, em equilíbrio e harmonia com os ecossistemas.
     A economia solidária é uma alternativa, pois ela é economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente sustentável. É preciso modificar a forma de consumo. Parar de consumir produtos que são tecnologicamente danosos ao planeta. Quando nós compramos um produto da economia solidária, a riqueza gerada vai ser distribuída entre os trabalhadores, em empreendimentos que não têm nem patrão, nem empregado. E esses valores vão ser utilizados para promover o bem-viver dos trabalhadores e consumidores, das comunidades, das pessoas, de modo tal a assegurar a vida de cada um e o direito à felicidade.Continue a leitura, clicando aqui.