"O médico perguntou se eu sabia que ser obesa era causa de reprovação no concurso", revela professora.
* Por Folha de S. Paulo
As professoras afirmam que seus exames estavam normais e duas delas dizem ter ouvido do médico que realizou a perícia que provavelmente seriam reprovadas por causa do peso. Kátia e outro professor, também "inapto", dizem ter ouvido o mesmo do médico.
Kátia é professora de educação física da rede há oito anos. Trabalha como professora contratada (sem concurso). Ela também dá aulas na Prefeitura desde o ano passado, onde foi aprovada em concurso e passou "ilesa" pela perícia médica. Ela já era obesa mórbida e diz que o peso não a prejudica em nada na realização das atividades. Leia a entrevista:
A obesidade afeta seu trabalho?
Kátia Ramires - De forma alguma. Minha flexibilidade é ótima. Jogo esportes com os alunos. Sempre pratiquei esporte, mas sempre fui gordinha. Fiquei obesa depois que meu filho nasceu, em 2008, mas meu peso nunca me impossibilitou de nada.
Você já tirou muitas licenças?
Em oito anos só tirei uma única licença, ao engravidar.
Como foi a perícia?
Me senti humilhada. O médico perguntou se eu sabia que ser obesa era causa de reprovação no concurso. Falei que eu tive filho há pouco tempo e ele me disse que eu ainda comia como [se fosse] gestante, que esqueci que o bebê já tinha nascido.
O que você fará agora?
Darei aulas na prefeitura e como professora contratada no Estado. O que mais me revolta é que fui a 38ª colocada em educação física na cidade de São Paulo no concurso.